Tornou-se público, nesta quinta-feira (23), por meio de um furo de reportagem do programa “Estúdio I”, comandado pela jornalista Andréia Sadi, da Globo News, um imbróglio envolvendo desdobramentos do fim do casamento da apresentadora Titi Müller com o músico Tomás Bertoni, da banda Scalene.
No podcast “Desculpa Alguma Coisa”, do portal UOL, produto da jornalista Tati Bernardi, a ex-Multishow afirmou que desde setembro de 2022 está sob uma liminar que a proíbe de falar publicamente sobre o ex-marido e de sua família nas redes sociais.
“Tem uma liminar que meu ex-marido pediu, pra que eu não citasse ele —e pessoas da família dele— em rede social sob multa. Então isso é absolutamente inconstitucional. Enfim, eu estou aí sob mordaça”, disse Titi.
Ela e Tomás foram casados por cerca de dois anos e são pais de uma criança, Benjamin, de 3. A relação se deteriorou no período em que Titi estava no puerpério, culminando em um divórcio em 2021.
Segundo a apresentadora, mesmo após ambos terem decidido se afastar as violências não cessaram. Além de revelar uma agressão enquanto ainda estava em matrimônio, sua defesa acusa Bertoni de assediá-la institucionalmente.
“Nós estamos falando de uma pessoa que está em situação de violência. Ela tem algumas ações, não é só uma ação e nós estamos atuando nessa ação que está investigando violência doméstica narrada pela nossa cliente, bem como uma ação cível, vinculada às violências que também foram narradas pela vítima”, disse a advogada Ana Carolina Fleury, que representa Titi.
O processo transcorre sob sigilo. A repórter Andreia Sadi, da GloboNews, teve acesso ao processo e procurou a defesa da apresentadora — que complementou dizendo não poder comentar detalhes do processo. Ela confirmou as informações que a reportagem obteve.
Segundo relatos, Tomás, durante o processo de separação, admitiu na presença da advogada do casal que submeteu a então esposa a violência psicológica, verbal e física. A confissão foi feita mediante um acordo que resguardaria sigilo por 15 anos. O termo em que o músico assume os crimes cometidos não chegou a ser incluído no divórcio.
“A gente tem o acusado assinando, confessando as violências que praticava. Esse termo foi protocolado no Judiciário, foi pedido para que fosse homologado, entretanto, foi pedida a desistência pelo lado do Tomás. Acredito que tenha sido percebido que poderia ser prejudicial — e de fato é”, afirma a advogada de Titi.
Titi acusa Tomás, também, de negligenciar a criação do filho, não cumprindo com suas obrigações. Vem daí o interesse da defesa de Tomás em silenciá-la. Recentemente, ela expôs uma situação em que precisava levar a criança ao médico e o pai alegou repetidas vezes que havia testado positivo para Covid.
“Toda semana a pessoa aparece com sintoma de Covid, e aí não quer pegar o filho. Hoje eu ofereci o teste de Covid, não quis fazer e acabou que eu vou levar sozinha em mais uma consulta médica”, disse a jornalista. “É muito barra pesada lidar com isso tudo sozinha”.
A defesa de Titi argumenta que a tentativa de censura não surte efeito, mesmo tendo sido concedida pela Justiça. A família Bertoni possui figuras políticas influentes. Tomás, por exemplo, é filho do ex-ministro da Justiça no Governo Temer, Torquato Jardim.
Na justificativa para acatar o pedido, o responsável, o juiz Fernando Cúnico, alega que a medida serve para “assegurar a imagem e a integridade moral” de Bertoni – algo que Titi deu o nome de “mordaça”.
“Falar do pai da criança ou não? Vou falar de uma perspectiva —além de própria, de pessoas que eu acompanho até de mulheres que não tem filho. Ir para a internet é o último recurso. E não é porque a mulher tem prazer de fazer isso, mesmo. É por que ela não tem mais pra onde recorrer”, disse Titi.
Medida protetiva
A apresentadora revelou, também, por meio de sua advogada que solicitou duas medidas protetivas, garantidas via Lei Maria da Penha, contra Tomás Bertoni — ambas ligadas a violências psicológicas. Familiares dela e do próprio artista foram vítimas das intercorrências.
Ao Estúdio I, o advogado de Tomás Bertoni, Leandro Rada, disse o seguinte:
“A investigação criminal foi instaurada em setembro de 2022, foram ouvidas todas as testemunhas indicadas pela senhora Thielen [nome de batismo de Titi]. Nenhuma das testemunhas presenciou, foi capaz de confirmar qualquer de suas alegações e, diante disso, o Ministério Público, em janeiro deste ano, requereu a realização de uma perícia psicológica na senhora Thielen. Este procedimento está ocorrendo. O senhor Tomás se colocou à disposição para se submeter à mesma perícia, ao mesmo tipo de exame que o Ministério Público requereu com relação a ela, então nós fomos surpreendidos no meio dos procedimentos relativos a essa perícia com um pedido de medidas protetivas que faz referência a fatos que foram afastados no inquérito, fatos antigos, superados no sentido jurídico, no sentido probatório e sem qualquer contemporaneidade, ou seja, sem nenhum fato novo que justifique, depois de mais de um ano de separação, a decretação dessas medidas”.
Um novo recurso contra a decisão deve ser pedido pelas advogadas de Müller.